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Fábio, o mais novo de 5 irmãos. Cresci com muita rua e desafios que enfrentava destemido. Dos conflitos tentava fugir e poupava os restantes, mas não por bondade. No meu corpo estava toda a energia e nas habilidades motoras o talento. Estudante desinteressado e pouco aplicado a maior parte do tempo, sem pensar muito e sem planos concretos. Se fosse fazendo desporto e houvesse uma bola e competição, tudo parecia ficar mais fácil. Tão fácil que nem reclamava o mérito. Preocupei-me com coisas cedo demais, mas não se percebia porque a boa disposição era constante. Naturalmente, acabei a estudar desporto e depois fisioterapia. Pelo meio ainda fui professor de ténis, jardineiro, segurança e trabalhei em restauração, mas tudo por ocasião ou necessidade porque a atividade física e a competição continuavam a comandar a minha vida e a encher o meu ego.

Os papéis na vida foram-se acumulando. O de profissional, companheiro e pai foram-se juntando aos outros que trazia. O corpo deu sinal e impediu-me de continuar a vida desportiva. Na altura achei que era só azar... e muito injusto. Foi ficando mais pesado. As dúvidas, questões e incertezas cresceram, mostrando um vazio que desconhecia.

A receita que sempre me serviu, não resultou no meu papel de pai. E como tinha uma forte convicção de que as crianças não vêm com erro, restava-me confirmar que algo em mim não estava bem e que estava a sobreviver na minha melhor personagem.

Algumas horas de terapia transformadoras e muito tempo dedicado a “encontrar-me”, resultaram em grandes mudanças na forma de sentir e perceber o mundo. Balancei entre ficar zangado com a minha versão antiga e desconfiado com a nova. Comecei a estudar e fazer algumas formações em áreas diferentes da minha área profissional, que sempre foi fisioterapia e neurologia. Temas como parentalidade, inteligência emocional, quântica, mindfulness, epigenética ou constelações familiares foram ocupando o meu interesse e consolidaram esta mudança. Esta minha nova versão permitiu-me assumir responsabilidade pela minha vida e mostrou-me que temos uma grande capacidade de expandir e, alinhados com o Universo, sermos co-criadores da nossa própria história.

Sem procurar muito e ainda sem projetos de mudança, partilharam comigo um curso que junta muitos destes temas numa abordagem terapêutica baseada no estudo aprofundado do corpo e da mente, com uma perspetiva muito sensível e humana – Reprogramação Biológica®.

Foi como aprender uma forma de mostrar, na vertente terapêutica e através do corpo, a minha forma de ver e perceber o mundo.

Olhando para todo o meu percurso percebo que voltei ao corpo. O corpo é muito mais que as capacidades motoras, é um portal para a nossa história e essência. Afinal sempre me expressei e bem alto, mas através do corpo. Tudo o que reprimia saía em horas de treino e fraternidade. Tudo o que abdiquei era por necessidade pura de autorregulação. Deixei-me levar... mas encontrei-me. As habilidades motoras agora são outras, mais sensitivas, mas são a mesma luz e vida que me guiaram tantos anos!



Nos últimos anos, tenho transformado profundamente a minha perspetiva sobre a vida e a forma como vejo e entendo os comportamentos humanos. Ao longo deste caminho, fui descobrindo uma nova forma de sentir e absorvi alguns princípios fundamentais que me aproximaram da minha essência. Estes princípios sustentam, com humildade, o meu compromisso com a saúde e com uma vida mais consciente. 

Humanização da relação - Baseio-me na certeza de que todos temos o mesmo valor como seres humanos, e que isto não muda no momento de ajudar ou sermos ajudados. É um valor intrínseco à vida, não negociável nem determinado pelas ações. Cada pessoa é única e especial, guardando um enorme potencial dentro de si. Um olhar humano reconhece que, independentemente da origem, raça, ideologia ou género, partilhamos necessidades básicas comuns.

Empatia -
Entendo as ações humanas como consequência de algo que vivenciamos ou carregamos na nossa história. Enquanto não ganhamos consciência disso, estamos condenados a comportamentos e decisões negativas. Na inconsciência, é impossível mudar a nossa vida e fazer as escolhas certas. Só através da empatia é possível garantir um olhar humano e sem julgamento. Mais do que compreender, empatia é "sentir" o outro.

Respeito pela individualidade - Cada pessoa merece ser respeitada nos seus limites, crenças e decisões. A imposição não faz parte da minha forma de perceber qualquer ato de ajuda. Todas as decisões da pessoa são apoiadas, e apenas o próprio pode sentir e confirmar o que é benéfico para si em cada momento. Não há duas vidas iguais, por isso cada pessoa e cada momento são únicos. Respeitar as necessidades e individualidade de cada um, assim como as minhas, é essencial para a construção de uma relação verdadeira.

Universalidade -
Fazemos parte de um todo. Estamos todos ligados e somos feitos de energia que partilhamos a todo o momento. Entendo a universalidade como algo que une todos os seres humanos, animais e natureza. Das semelhanças às diferenças, tudo está ao serviço da vida e existe como oportunidade de nos conectarmos e sentirmos a nossa essência.

Amor -
A maior força e razão do universo, que todos procuramos e de que precisamos para ter vidas realizadas e prósperas. Nenhuma transformação pessoal ocorre sem encontrarmos mais amor em nós e, principalmente, por nós.


Estes princípios não estão apenas associados ao serviço que ofereço, mas acompanham-me na vida e em todas as minhas relações. Em várias situações da vida, as emoções e pensamentos que surgem em mim vão-se alinhando cada vez mais com estes valores.

Consigo senti-los em todas as situações? Claro que não...também estou no meu caminho a acolher as minhas sombras e, sempre que consigo, é mais um bocadinho de luz que abraço.

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